22/04/2013

Escolha: um direito humano intransferível


 
            A escolha é um direito humano, singular, subjetivo, pessoal e intransferível, seja na tomada da decisão ou na superação das consequências. Assim, escolher, apesar dos conselhos e interferência, cada sujeito arcará com as consequências do caminho escolhido. No contexto da escolha, é preciso entender que a inércia, já é uma escolha. Fazer ou não, falar ou não, felicidade ou infelicidade, alegria ou sofrimento, sentir ou ressentir, tudo se configura na escolha.

            Ouvir os outros ajuda na preparação para a escolha, porem é fundamental que os sentimentos pessoais sejam esclarecidos para que o outro não oriente apenas baseado em suas percepções do que é certo. Mesmo porque o certo, no tocante ao sentimento é uma atitude fundamentada na vivencia pessoal. Já é que inconcebível e improvável, saber e mensurar a intensidade do sentimento do outro, tendo apenas o próprio sentimento como referencia.

            A dinâmica do espelho/janela ajuda organizar o olhar intra e interpessoal, base indissociável da escolha, tendo o tempo como orientador: passado – presente – futuro.

            Observar a própria imagem no espelho faculta a analise de possibilidades antes e pós uma escolha. Encarar-se quando a escolha não foi acertada é a melhor forma de admitir a existência de falhas na tomada de decisão e, uma oportunidade para entender que o erro, popularmente chamado de “fracasso”, traz consigo sinalizações importantes para a vida. Que se interpretadas corretamente pode representar uma atitude proativa frente às novas possibilidades que surgirão. Para os atentos o fracasso promove a maturidade nas escolhas. Não adianta culpar-se pela escolha. A culpa reduz a força interior, promove a ansiedade, a angústia e o sentimento de inferioridade. Já que a rejeição presente na psique humana constitui-se numa força de atração.

            O espelho também é um aliado daqueles que já aprenderam que ninguém consegue viver isoladamente e, que vivemos no mundo da dependência, acentuadamente no tocante a materialidade. Em geral não consumidos aquilo que produzimos, mas utilizamos o resultado daquilo que produzimos para adquirir o que consumimos. Assim, fica patente nossa dependência social. Portanto, quando atingimos sucesso em uma escolha, devemos nos lembrar de que outros se envolveram direta e indiretamente, assim, agradecer é uma obrigação. A gratidão é um lubrificante dos sentimentos.

            Observar a janela é olha para o exterior, se o individuo sofre pelo fracasso da escolha, pode encontrar facilmente uma pessoa, coisa ou fato para assumir a responsabilidade da escolha, distanciando a possibilidade de aprendizado com o erro. Culpar os outros é um exercício de fuga da responsabilidade pela escolha e um fortalecimento dos conteúdos de manutenção na zona de conforto. É preciso entender e convencer-se que a participação de outras pessoas na nossa vida, não dá o direito de jogar sobre elas a responsabilidade das falhas nas escolhas pessoais.

            A janela é uma grande oportunidade para percebermos que o resultado obtido a partir em uma escolha, teve a participação de outras pessoas, contribuído direta ou indiretamente, às vezes, apenas pelo simples fato de existirem. Isso é tipo do viés da afetividade, quando apenas o existir é o que basta para suprir uma falta, que não se caracteriza, simplesmente deixou um vazio. A pior solidão não é a que o indivíduo sente quando está sozinho, mas a que sente, mesmo na companhia de outras pessoas. "O Silêncio, é o grito mais alto." Schopenhauer.

            Entender que a escolha é a locomotiva que puxa e empurra a vida humana, desta forma não há nada mais inteligente do que praticar o que diferencia o ser humano dos outros animais. A capacidade de pensar logicamente e a habilidade de negociar. Assim fazendo, os resultados na vida de cada pessoa passam a ser cada vez mais previsíveis e o sofrimento minimizado, impermeabilizando a fonte das doenças: incapacidade de pensar no que pensa, de sentir o que sente e aceitar o que deseja, certo de que muitos desejos devem ser reprimidos, pois  estão apenas a serviço de estímulos infantis.

“Entre o estimulo e a resposta há um espaço. Nesse espaço está nossa liberdade e a capacidade de escolher nossa resposta. Nessas escolhas estão nosso crescimento e nossa felicidade”.       Stephen R. Covey.

 
Lauro Milhomem Coutinho – Psicanalista e Professor

21/04/2013

Homens de negócio - segundo John Paul Getty


 
            John Paul Getty, com sua imensa fortuna, viveu durante muito tempo no anonimato, até que, em 1957, a revista Fortune publicou um artigo exibindo as dez maiores fortunas nos Estados Unidos. O nome de John Paul Getty figurava no topo da lista. Os encarregaram-se do assunto e logo Getty estava na boca de todos. Apelidaram-no de “o homem mais rico do mundo”!

            Ele fazia parte desses seres especiais, indivíduos excepcionais, incapazes de calcular sua fortuna pessoal.

            Getty revelou seu gênio para os negócios. Ele disse que os homens podem ser divididos em categorias:

Divido os homens em quatro categorias.

            Num grupo estão os que trabalham melhor quando trabalham para si mesmos e dirigem sua própria empresa. Tais homens não desejam trabalhar para ninguém. Desejam ser totalmente independentes.

            Em seguida, há os homens que, por inúmeras razoes, não desejam se atirar em negócios por sua conta, mas que obtém os melhores e maiores resultados quando trabalham para terceiros e participam do lucro da empresa.

            A terceira categoria congrega as pessoas que só desejam ser empregados assalariados, são reticentes em assumir riscos e que trabalham melhor quando o fazem para os outros e se beneficiam com a segurança de um salário.

            Finalmente, há aqueles que trabalham para os outros e não são motivados por qualquer necessidade nem desejo de realizar um projeto. Eles se contentam apenas com o que têm e não querem tentar, de modo algum, qualquer coisa que possa pôr em perigo sua segurança.

            “Há uma maneira de pensar que leva um indivíduo a ir adiantes dos outros na estrada do sucesso. Em resumo, a mentalidade de milionário está sempre à frente de tudo, consciente dos custos e orientada para a realização de lucros. É possível encontrá-la entre as pessoas do primeiro grupo. Raramente está entre as do terceiro e é totalmente inexistente entre as do quarto”.

            “Compete a você decidir em que categoria quer estar! O seu destino está apenas em suas mãos, e diga a si próprio que o homem, ao contrario das outras espécies, possui um imenso privilégio: o de ESCOLHER!”

            John Paul Getty morreu em Sutton Place, sua residência na Inglaterra, em 6 de junho de 1976. Estava com 83 anos e deixou a seus herdeiros (numerosos) o problema espinhoso de administrar uma herança avaliada em mais de 4 bilhões!

 

Poissant, Charles-Albert. Meu Primeiro Milhão. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997.

03/04/2013

Um tempo para cada coisa


 
3.1 Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo do céu:

·        Tempo para nascer e tempo para morrer; tempo para plantar e tempo de arrancar o que se plantou.

·        Tempo de matar e tempo de curar; tempo de demolir e tempo de construir.

·        Tempo de chorar e tempo de rir; tempo de gemer e tempo de dançar.

·        Tempo de atirar pedras e tempo de ajuntá-las; tempo de abraçar e tempo de apartar-se.

·        Tempo de procurar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de jogar fora.

·        Tempo de rasgar e tempo de costurar; tempo de calar e tempo de falar.

·        Tempo de amar e tempo de odiar; tempo de guerra e tempo de paz.

Eclesiastes 2.3

O controle da ansiedade e a superação da angustia e das consequencias a elas inerentes, pode está no simples ato de voltar para si e perguntar sem reservas:

A que tempo de minha vida estou?

E para qual tempo de minha vida estou indo?

 

Ao parece o tempo é uma constante invariável e se quisermos quantificar, o tempo é um recurso que não pode ser reaproveitado, ou seja, o tempo negligenciado aos afazeres de ontem não pode ser aproveitado hoje.

Se deixarmos algo para trás teremos que sacrificar o tempo destinado a uma atividade do presente.

Assim, se negligenciarmos o tempo de amar hoje; amanhã teremos que gastar o tempo de amar, para aparar as arestas deixadas pelo esquecimento de quem amamos.

Com isso o déficit da afetividade aumenta diariamente, mas fixados na possibilidade de termos o tempo de volta, fazemos planos de recuperar tudo no próximo final de semana, como não será possível, fazemos planos mais audaciosos e, propomos recuperar tudo nas férias. Assim de plano em plano, vamos iludindo a nós mesmos e a todos aqueles com quem dividimos nosso tempo de vida humana. Divisão que na grande maioria não parece justa, vez que ninguém parece tirar proveito daquilo que o ser humano mais almeja, o afeto.

O encontro de tempo: passado, presente e futuro, não parece algo provável em nossas vidas.