16/12/2008

Poder nas relações humanas

Para Foucault, o poder é um feixe aberto, mais ou menos coordenado de relações, para ele, “não existe algo unitário e global chamado poder, mas unicamente formas dispares, heterogêneas, em constante transformação. O poder não é um objeto natural, uma coisa; é uma prática social e, como tal, constituída historicamente”. (FOUCAULT, 1979, p. X).
Sendo o poder uma prática inerente ao ser humano, que surgiu fundamentada na necessidade de regular as relações sociais, com o estabelecimento de regras, para a convivência entre os membros de um grupo social e da espécie humana. Considerando as particularidades de tempo, local, pessoa e, também o uso dos meios necessários à subsistência, com a produção de riquezas, proteção, segurança e a defesa de direitos e deveres.
Teoricamente o poder apresenta-se como algo sublime e sinalizador de uma condição favorável às relações humanas. No entanto, quando entra no campo da singularidade, aonde a verdade é pessoal e intransferível, o poder depara-se com uma grande barreira, que caminha lado a lado com a complexidade da mediação das relações humanas.
"O que faz com que o poder se mantenha e que seja aceito é simplesmente que ele não pesa só como força que diz não, mas que de fato ele permeia, produz coisas, induz ao prazer, forma saber, produz discurso. Deve-se considerá-lo como uma rede produtiva que atravessa todo o corpo social muito mais do que uma instância negativa que tem por função reprimir". (FOUCAULT, 1979, p. X).
Como estar no poder pressupõe sobreposição de um indivíduo aos seus pares, tê-lo e exercê-lo, para alguns constitui uma forma de se encontrar.
Ser o poder, em vez de exercê-lo, pode representar para alguns indivíduos a libertação de sentimentos de inferioridade adquiridos durante sua formação. Julgar e condenar o outro, pode representar para o julgador uma autopunição, pelos atos praticados inconscientemente, que permeia a mente do indivíduo, tornando o culpado pelos desejos, sobretudo, quando se trata de desejos impróprios, destinados a objetos proibidos pela lei do incesto.
A verdade é à base da ação e aplicação do poder. “O poder é produto da individualidade. O indivíduo é uma produção do poder e do saber” (FOUCAULT, 1979, p. XIX).
Há um combate “pela verdade” ou, ao menos, “em torno da verdade” - entendendo-se, mais uma vez, que por verdade não quero dizer “o conjunto das coisas verdadeiras a descobrir ou a fazer aceitar”, mas o “conjunto das regras segundo as quais se distingue o verdadeiro do falso e se atribui ao verdadeiro efeitos específicos de poder”; entendendo-se também que não se trata de um combate “em favor” da verdade, mas em torno do estatuto da verdade e do papel econômico-político que ela desempenha. (FOUCAULT, 1979, p. X).
Para Foucault, o poder disciplinar não destrói o indivíduo, ele fabrica o indivíduo. Assim, o indivíduo não é o outro do poder, realidade exterior, que é por ele julgado e anulado; é um de seus mais importantes efeitos.
O autor considera que a repressão sobre a sexualidade no século XVIII, por ocasião da descoberta do auto-erotismo e o controle da masturbação, instaurou-se o medo sobre o corpo das crianças, tendo como origem a vigilância sobre a sexualidade e perseguição dos corpos. O corpo se tornou a partir daí um elemento do jogo da luta entre pais e filhos, adultos e crianças. Desta forma, o sexo foi aquilo que nas sociedades cristãs, era preciso examinar, vigiar, confessar e transformar em discurso.
Para Echenique [et al.] a estrutura desejante do homem reflete-se em todas as áreas da vida. A busca de satisfação dos desejos é à base de sua atuação no mundo e sua realização implica no misto do mundo interno e externo, já que o desejo expressão do mundo interno se projeta e se externaliza sobre o objeto desejado e deste se apropria de forma concreta ou simbolicamente, incorpora-o.
A maior ou menor possibilidade de exercício do desejo é similar ao poder de que dispõe o indivíduo em seu meio ambiente. Assim, o desejo e o poder, em sinergia entrelaçam a relação do ser humano com todos os seus pares. Sendo determinada pelas relações interpessoais, a vida psíquica será, portanto, uma resultante das estruturas de poder que estas relações incluem.

01/12/2008

Qualidades essenciais ao sucesso profissional

A vida no ambiente organizacional, sempre foi e sempre será um eterno posto de observação e de observados. A demanda por profissionais no mercado de trabalho é grande e crescente. Mas por que muita gente aparentemente “boa”, bem qualificada, não consegue lugar no mercado ou quando consegue lugar, não é capaz de assegurar-lo.
Em um livro publicado pelo SENAC com o titulo “Qualidade em serviços” foi consta uma informação intitulada de “realidade social”, a qual faz a seguinte afirmação, sobre a capacidade e uso do pensamento do homem, como ser dotado naturalmente de inteligência, mas que, em se tratando da atuação humana no trabalho, a estatística mostra que: 5% das pessoas pensam; 15% pensam que pensam e 80% preferem morrer que pensar. Vale ressaltar que a capacidade de pensar é inata ao ser humano, o que o autor se refere é ao ato de pensar proativamente. O uso da capacidade de pensar para construir, para reconstruir, arranjar, rearranjar, criar, inventar. O pensamento é a fonte de onde surgem as idéias, com vistas à melhoria de tudo que envolve a vida humana. Não exercê-la é deixar-se a deriva do destino.
O filosofo Homero disse: “só há vento favorável para quem sabe aonde quer chegar”. O pensamento é a base para o estabelecimento do rumo a ser tomado por cada indivíduo. Um exemplo disso é o caso de um senhor que trabalhava na rede ferroviária, que se aposentar, precisou treinar seu substituo. E, assim procedeu, transmitiu rapidamente as instruções de operacionalização da atividade, entregnado ao jovem o que seria dali em diante seu instrumento de trabalho, um martelo de ferro. A conclusão do treinamento se deu com o aviso da chegada do trem.
O Senhor chamou seu substituto e rumam para o local, onde o trabalho era realizado, pede o martelo ao jovem e bateu três vezes, seguidamente, nas guias de ferro que compõem o trilho, por onde desliza o trem. Devolveu o martelo ao jovem e disse é isso ai que deve fazer.
O jovem perplexo, diante, provavelmente, da subjetividade da função que lhe estava sendo confiada. Rompe o silêncio e pergunta ao seu treinador, qual o sentido das batidas? A resposta veio quase que instantaneamente e, recheada de aspereza e repressão, ouça rapaz, estou há mais de 30 anos nessa função e não sei do que se trata e, você nem se quer começou, já quer saber.
O mundo empresarial está repleto de casos, como o acima citado. Colaborador, que não consegue preencher o formulário por ele diariamente. Após a mudança na cor do papel, o documento, ficou diferente, parece ser novo, desconhecido, difícil de ser preenchido. Relatório emitido para informar que não houve dados para ser citados. Colaborador que faz copia de documento para arquivar em seu departamento, sem nenhuma razão plausível. Por prever a necessidade de uso, que normalmente não se concretiza. Mesmo porque o documento original era arquivado na própria empresa ou no Contador, facilmente localizado, diante de uma necessidade real. Uma costureira, certeza vez, atacada por uma crise histérica, dizia não poder trabalhar, pois não conseguia pegar com a mão trocada, os componentes a serem costurados por ela. No entanto, a mudança de sua máquina, deu-se estritamente na alteração do sentido do fluxo, ou seja, sua antes ficava olhando no sentido sul, no layout da fabrica e, foi virada para o sentido norte. Todos os mobiliários dela foram recolocados absolutamente como estava antes. Ela se quer, parou para avaliar o que aconteceu. Numa clara atitude defensiva, partiu para o ataque.
O novo incomoda quem não usa o pensamento como meio de melhoria de sua vida e da empresa. A falta de bom senso, estancada pela ausência de pensamento analítico, sobre a função, a atividade e, sobretudo, os custos, é uma das principais causas da inviabilização dos negócios, vez que, o cliente, não paga para sempre o custo da incompetência.

As qualidades de um homem valioso, na visão de Henry Ford II

Competência em sua área
O profissional consciente entende que a formação universitária é fundamental e funciona como um passaporte para o sucesso corporativo. No entanto, o mercado exige, além do grau conferido pelo diploma recebido. Espera conhecimento profundo, competência e habilidade sobre a área de atuação.
O sucesso profissional depende do sucesso pessoal e, para atingi-lo é preciso ater-se aos aspectos relacionados ao comportamento, emoção, ética, espiritualidade, visão, ação humanitária, respeito ao meio ambiente e ao próximo.

Habilidade social
Capacidade de cooperação com os vários tipos e níveis de pessoas, cargos, funções e departamentos. Ser capaz de participar produtivamente de atividades mutua, dividindo responsabilidades e benefícios decorrentes. “Treinamento especializado não é suficiente. Poderá levá-lo ao primeiro emprego; mas se isso for tudo o que você tiver a oferecer ao empregador, também poderá enterrá-lo nessa primeira oportunidade”.

Capacidade analítica
Ser capaz de avaliar todos os aspectos que envolvem a função, departamento e a empresa. Quem tem a habilidade de análise criteriosa dos fatos relativos a um problema, aumenta muito as possibilidades de acerto e sucesso nas decisões a serem tomadas. “Nos negócios, muitas vezes você tem de identificar o problema antes até de começar a pensar na solução. Nos negócios, reconhecer o problema é tão importante quanto conhecer o método que vai solucioná-lo”.

Curiosidade
O sujeito curioso é um forte candidato ao sucesso. Infelizmente o ambiente empresarial está cheio de pessoas que repetem rotineiramente suas enfadonhas atividades, parecem desligados do mundo da criatividade. Estão aprisionados mentalmente ao passado, guiados pelo sentimento de incapacidade de mudar. Usam a máxima: “sempre foi feito assim, fulano fazia assim e teve sucesso”. “Poucas pessoas são abençoadas com tipo de curiosidade que rompe os padrões estabelecidos para começar novas idéias. Essa é a origem da inovação – a técnica de fabricação menos custosa, o sistema contábil mais rápido, o plano de vendas mais eficaz, o melhor projeto”.

Integridade
Nenhuma das qualidades anteriores faz sentido, se o sujeito não agir com integridade. O conceito de honestidade é de difícil aplicação, tratando-se de sua essência. Se entendido, que o ato de ser honesto, não deve ser avaliado apenas pelo valor ou quantidade, premeditadamente, apropriada ou intencionada, mas sim pelos valores e princípios humanos, de respeito aquilo que mesmo provisoriamente pertence ao outro. Assim, não é honesto, aquele que embolsa o troco no comércio, disfarçadamente, com o sentimento de que não percebeu o erro do caixa. O erro do troco não se aplica, quando a cifra for menor que o direito de troco. Outra atitude comum é solicitação de nota fiscal de abastecimento, maior que o valor do combustível colocado no tanque, ou ainda, nota fiscal com valor maior que as refeições feitas.
O direito não avalia o delito pelo valor, mas pela sua prática, assim, a subtração de 1 ou 100 unidades, constitui-se na mesma tipicidade de crime.
“A integridade individual gera a integridade do grupo, e isso é essencial para uma empresa. É o sistema de orientação e controle que norteia o desempenho da empresa. E a longo prazo, é pelo seu desempenho que a empresa vive ou morre”.

Lauro Milhomem Coutinho