01/03/2009

Família - base para o sucesso na vida humana

Parece prudente afirmar que, grande parcela da raça humana, tem gravado fortemente no inconsciente, a certeza de ser credor de infinitas coisas e vantagens, muitas das quais ainda não disponibilizadas para o seu gozo, possivelmente, pelo desejo dos outros de castigar, sem fins realísticos. Provérbios 21:2 “todo caminho do homem é reto aos seus próprios olhos, mas o senhor sonda os corações”.
Os pais aparecem no topo da lista, como os principais devedores, sendo atribuída a eles, pelos filhos e invariavelmente por parte da sociedade, a responsabilidade por tudo que envolve os filhos, principalmente os casos de insucessos. Muitos são culpados, na visão dos filhos, pela própria escolha do filho que vai nascer. Assim, tornam-se responsáveis pelo nascimento e sucesso na vida dos filhos. Responsáveis, sim, por estarem na mesma frequência vibracional, daqueles que escolhem com quem nascer. Mas cabe aqui a ressalva da co-responsabilidade.
No papel de filho, não sabemos ou não lembramos conscientemente que, a escolha da família, parte do desejo inconsciente de quem vêem e não de quem já está aqui (isso para a maioria absoluta da humanidade). Claro que o histórico de vida passada e vibração espiritual, credenciam os pais, a fazerem parte da lista de preferência para o nascimento. Assim, é projeto comum e faz parte do desejo de evolução espiritual, a convivência familiar com determinadas pessoas. Provérbios 20:5 “como águas profundas, são os propósitos do coração do homem, mas o homem de inteligência sabe descobri-los”.
Sendo a escolha da família uma oportunidade para a prática da aceitação, matéria-prima, essencial para a correção de atitudes passadas, geradas por ressentimentos que entorpecem o suficiente para pressionar o indivíduo a desviar-se da orientação divina, natural e própria da vida humana. “Cristo disse: O reino de Deus está dentro de vós”.
O distanciamento visual entre os membros da família, provocado pelo desentendimento, conscientemente, parece ser o suficiente para solucionar qualquer tipo de desavença. Usualmente prega-se, para justificar a eficácia do distanciamento físico, o ditado, “o que os olhos não vêem o coração não sente”. No entanto, infelizmente, as questões relacionais inconscientes, não seguem os desejos relativos conscientes, produzidos ao bel prazer do sujeito, do tipo, não gosto de tal pessoa, simplesmente deixo de pensar nela e em tudo que ela representou e continua representando na minha vida.
Mas, existe um complicador, pois quanto maior for à divergência, maior a possibilidade de formação de vínculos profundos e, porque não eternos, se os envolvidos não manifestarem vontade e ação genuína na busca de entender, perdoar e transcender, aquilo que foi construído pela ação e reação consciente, mas no fundo movido pelo inconsciente. Assim, os débitos e créditos do passado, marcados na caderneta mental, precisa ser avaliada e fechada, com base nas regras e princípios da contabilidade da afetividade e do amor.
Nascer, é sem sombra de dúvida uma oportunidade para passar a limpo, assuntos não resolvidos no passado. Porém, as fantasias embaladas pela ganância de reunir a maior quantidade possível de bens materiais, passaporte para o domínio, vira venda para os olhos físicos, já que a grande maioria não dá crédito para a visão espiritual, fonte da verdadeira inspiração, que parte do mapa da vida individual humana, guiada pela Natureza Divina, que tudo cria e orienta. Provérbios 19:8 “o que adquire entendimento ama a sua alma; o que conserva a inteligência acha o bem”.
A intuição, resultante da leitura espiritual, parte da sensibilidade e da crença no ser, além do físico, visual e tatilmente identificável, é jogada como gotas para a mente consciente e, funciona como bússola do caminhar para a evolução espiritual, sob a orientação de Deus.
Figurativamente, por se tratar do caminho iluminado por Deus, supõe-se que ele seja repleto de prazeres materiais, facilidades e liberdade total, cada um podendo usar e abusar. Situação comum no modo de vida contemporâneo da humanidade, norteada pelos valores visuais estéticos, que o belo é o alvo desejado em todos os sentidos. Puro engano. Provérbios 19:2 “não é bom proceder sem refletir, e peca quem é precipitado”.
Se Deus é onipresente, significa está em tudo e em todos. Assim, o enveredar pelo caminho do despertar para a evolução espiritual, pressupõe em primeiro plano, reconhecer-se como responsável pelas próprias escolhas e de tudo que delas derivar, é viver de fato a verdadeira liberdade, desejada por todos, mas encarada e sentida por poucos.
Na liberdade espiritual é esperado que todos os membros de uma família mutuamente se apõem e se ajudem, encarando a solução de problemas presentes, resultantes de ressentimentos do passado, com a alegria de poder sentir a verdadeira força do perdoar, do ser perdoado e do viver plenamente. Já que a convivência familiar é uma grande oportunidade humana para a prática da gratidão e do amor fraterno. Provérbios 19:20 “ouve o conselho e recebe a instrução, para que seja sábio nos teus dias por vir”.
Quanto maior for a entrega na convivência atual, maior será a desvinculação de conteúdos passados, aumentando a sensação de alegria e felicidade, que constituem o estado de gratidão, base da liberdade espiritual. “A realidade não tem princípio nem fim, não se extingue nem morre; por isso, a Vida também não tem princípio nem fim, não morre nem desaparece” (Masaharu Taniguchi).
O sentimento de liberdade não é real, sem o sentimento de gratidão. O que aprisiona um ser ao outro é a culpa, gerada pelos ressentimentos. No ato de amor pleno, margeado pela sabedoria divina, ninguém é preso a ninguém, daí surge a verdadeira liberdade, que gera o desejo de estar junto, pelo simples fato do outro ser igual a mim. Provérbios 20:7 “o justo anda na sua integridade; felizes lhe são os filhos depois dele”.
Perdoar é a atitude natural que credencia o ser humano a trilhar o caminho da luz, iluminado por Deus, pois o perdão é o azeite que abastece o candeeiro da sabedoria, que fornece os instrumentos necessários a transposição dos obstáculos da indiferença e da intriga, por vezes, enraizadas na alma das pessoas. Com a sabedoria, a alquimia ou transmutação se concretiza em tudo, que se fizer necessário, para o bem viver, daqueles que conseguiram acessá-la, possível para as almas e corações sintonizados com Deus, pela gratidão e o amor ao semelhante. Provérbios 19:26 “o que maltrata a seu pai ou manda embora a sua mãe filho é que envergonha e desonra”.
Janeiro/2009
Lauro Milhomem Coutinho