O dicionário de Silveira Bueno (1996) define as palavras: PERDÃO: remissão de pena; desculpa; indulto. PERDA – ato de perder; desaparecimento; extravio; desgraça; destruição. PERDER – Ser privado de ter; deixar de ocupar; destruir; corromper; deixar de gozar; ser vencido no jogo; causar a condenação de; esquecer-se de.
Perdoar = perdoAR. Na visão materialista que vivemos e tentamos estabelecer relações civilizadas, aonde reina o sentido da proteção aquilo que é ou pensamos ser propriedade pessoal. “Perder”, sempre pressupõe deixar de possuir, ficar desprovido de tal coisa, ter prejuízo, escritas que reacende o sentimento de inferioridade, forjado no termo “pobreza”, condição que parece assombrar o ser humano ao longo de sua historia.
Olhando para o destaque na palavra “perdo-ar”, pode-se deduzir que o ato de perdoar, parece ser para muitos, uma atitude fortemente desagregadora ou mesmo desintegradora, produzindo a sensação literal de falta de ar, “perda do ar”, impossibilitando sua respiração, aproxima-se da morte.
Já que perder reacende a luz vermelha da rejeição, fato inconsciente comum ao ser humano. O ressentimento é uma forma de manter-se ligado ao outro. Sendo o conteúdo da intriga, uma forma material (patrimônio) mental valioso que, se retirado, provocará falta.
Deduz-se que, aquilo que o sujeito não gosta no outro (ofensor), pode ser na verdade o que o torna parecido ao outro. O ofendido rejeita e deseja extirpar, parte de si não reconhecida conscientemente ou reconhecida e não aceita projetada no outro (ofensor). O outro é o espelho que reflete a imagem invisível de mim, que não reconheço ou não quero reconhecer. Perdoar, nesse caso, seria aceitar-se como é, um ser integral filho de Deus, ato que promove a autolibertação. “Amo no outro o que ele tem de mim”. “Odeio no outro a sombra que tem de mim nele”.
O ato de perdoar deve sempre ser uma atitude voluntaria de quem se sente ofendido e, não necessariamente do ofensor. Pois, pode ocorrer do suposto ofensor, se quer saber do sofrimento do ofendido. Sendo comum, o sofrimento do ofendido, partir de base totalmente imaginaria. Nas relações sociais, incluindo as familiares, a fofoca é uma mina que jorra intrigas em abundancia, convertidas em sua maioria, em ressentimentos.
Ressentir é reviver sentimentos passados. Pouco comum nas atitudes humanas, quando se trata de fatos agradáveis e felizes. Mas potencializados, quando se trata de fatos negativos. O ressentimento funciona como elemento gerador de vingança e doenças dos mais variados tipos, produzindo dor e sofrimento em quem é acometido e em seus pares, vinculados por laços de sangue, relacionamento conjugal e amizade.
James Hunter, autor do livro, O Monge e o Executivo, diz que o perdão é o ato de desistir de ressentimento quando prejudicado.
Augusto Cury diz que perdoar é o maior castigo que uma pessoa possa pregar em seu inimigo. Segundo ele, quando uma pessoa está com raiva ou ódio de outra, o ressentimento gera pensamentos recorrentes, que a mantém, diuturnamente ligada à outra, a quem julga ser a ofensora. Assim, a pessoa objeto da raiva, divide com o raivoso, em pensamento, todos os momentos da vida, seja em atividade laboral, religiosa, lazer, educacional e mesmo amorosa.
O simples ato de perdoar promove o corte do vinculo mental que liga as duas pessoas, libertando-as para novas experiências, livres de ressentimentos.
Jesus Cristo ensinou a perdoar em oração, como consta no “Pai-Nosso” (Mateus 6, 6-13): “Perdoa-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos têm ofendido”.
Perdoar requer humildade e verdadeira compreensão de que, quem me ofende é meu semelhante. Quando perdoamos, rompemos os elos que nos prendem negativamente às pessoas. Pedir perdão é um ato de humildade, perdoar é um ato de amor. Perdoar tira do ser humano o peso da revolta e do ódio.
O perdão é uma atitude espiritual tão profunda, que nossa consciência tem dificuldade em compreendê-la. A ausência do perdão dá origem a culpa, ressentimentos, ansiedade, medo e doenças.
Oração do perdão – ensinada pela Seicho-No-Ie do Brasil.
Eu te perdôo e você me perdoa. Eu e você somos um só perante Deus.
Eu te amo e você me ama. Eu e você somos um só perante Deus.
Eu te agradeço e você me agradece. Muito obrigado, muito obrigado, muito obrigado.
Não existe mais nenhum ressentimento entre nós. Oro sinceramente pela sua felicidade.
Seja cada vez mais feliz.
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