A falta de autoestima dá origem a
reações comportamentais anormais ao que se espera de um ser efetivamente
humano. O ciúme, comportamento comum nas relações humanas, chega a ser visto
como uma forma de zelo pelo objeto amado. Mas que em muitos casos produz
reações extremas e consequencias inimagináveis. Normalmente o ciumento acha que
o outro é que é fraco e se deixa dominar por um terceiro sedutor. Incapaz que é
o ciumento de perceber que na maioria das vezes é ele próprio que ajuda a
promover as oportunidades para exercer sua ação de suposta proteção.
Assim o ciúme visto por Otto
Fenichel é: “Incapacidade de amar baseada em ambivalência profunda também se vê
naqueles tipos cujas relações objetais são governadas pelo ciúme. Pode o ciúme ocasional
corresponder à intensidade dos sentimentos amorosos, mas aqueles tipos nos
quais o ciúme é característica onipresente são, justamente, aqueles que não podem
desenvolver amor autêntico porque todas as suas relações se mesclam a uma necessidade
narcísica. Mais do que, certamente, o ciúme não assume intensidade máxima nos
casos em que, até então, hajam sido máximos o amor e a gratificação; aqueles
que são predispostos ao ciúme são, pelo contrário, os que estão sempre e com
presteza mudando os seus objetos; que têm ciúme até de objetos pelos quais não tinha
interesse especial até que uma circunstância estranha lhes desperte o ciúme. Fosse
o ciúme simples reação dolorosa a uma frustração, esperar-se-ia que fosse
rejeitado tanto quanto possível; na realidade, o ciúme costuma apresentar a característica
oposta: inclinação a importunar e a se tornar obsessivo, o que mostra que a adesão
às ideias inconscientes de ciúme serve à repressão de coisa diferente.
A mistura de depressão,
agressividade e inveja com que o ciumento reage à perda do amor revela intolerância
especial a esta. E o medo da perda de amor é mais intenso nas personalidades
para as quais ela significa diminuição da autoestima. Até o apego aos bens
materiais pode preencher, no tocante à autoestima, a mesma função que outras provisões
externas; daí compreendermos que por esta forma acresça a probabilidade de que
o ciúme se desenvolva como meio de lutar pela obtenção de autoestima.
O caráter obsessivo do ciúme deve-se,
em primeiro lugar, ao fato de que a situação atual, que despertou o ciúme,
recorda à pessoa uma situação semelhante anterior, que terá sido reprimida. O fato
de uma humilhação passada. Todavia, a frustração inerente ao complexo de Édipo,
base, certamente, de todo ciúme, toda a gente a terá experimentado, ate aqueles
que não são propensos ao ciúme posteriormente. Neste particular, foi Freud que
indicou a explicação pela ideia que teve do ciúme paranoico. Na paranoia, o ciúme
serve à rejeição, por projeção, de dois tipos de impulsos: impulsos à
infidelidade e impulsos ao homossexualismo. Tanto um quanto outro tipo de
impulsos desempenha também papel, certamente, no ciúme normal. O ciúme desenvolve-se
sempre que uma necessidade de reprimir impulsos à infidelidade e ao homossexualismo
coincide com a característica intolerância à perda de amor. Diz Jones: ‘A
infidelidade marital tem, como maior frequência do que se crê, origem neurótica;
não revela liberdade, nem potencia, mas o contrario’. Mais frequente ainda do
que o medo neurótico dos vínculos é, conteúdo, uma vinculação neurótica, o medo
de qualquer mudança de objeto” (2000, p.475-476).
Napoleon
Hill disse que o medo de perder o amor de alguém se configura entre os seis
principais medos do ser humano, seguido do medo da morte, da doença, da
velhice, da pobreza e da critica. Tal medo é projetado pela angustia tendo a rejeição
como origem, localizada na infância de cada individuo. Impor castigo na pessoa
supostamente amada pode ser uma maneira de aliviar o medo do aniquilamento pela
angustia que virá com a repetição da rejeição.